domingo, 24 de outubro de 2010

Mulambo


Sua figura assusta:
é a imagem da desesperança!
Um velho mulambo,
com aura de criança...

Carregando seus trastes nas costas
e um cabo de vassoura na mão.
Ninguém sabe de onde surgiu
ou se quer ir a algum lugar.

Vive o desassossego de ser só...
Anda sem rumo,
urrando feito bicho acuado.
E se alguém se aproxima,
solta logo um palavrão.

Desesperado!
Seu nome não diz.
Parece nem saber que é gente...

sábado, 23 de outubro de 2010

O Poeta

O poeta mente.
Mente porque enxerga diferente
e transforma em emoção
tudo o que lhe vai na mente.
O poeta não tem razão.
É um louco apaixonado
que só ouve o coração.
O poeta sofre.
Sofre e ninguém sente dó
Sofre por ter coragem de dizer a todos
o que não consegue falar a um só...

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Preferências

Prefiro a loucura escandalosa da felicidade
porque gosto da gargalhada.
Prefiro a velocidade
porque gosto do friozinho na barriga.
O sobe e desce da montanha russa...
O morno não me atrai
porque não me aquece.
Para ser feliz é preciso ser forte,
ter coragem e achar graça.
Debochar do mal que a tristeza trás,
encarar a vida e exorcizar o pranto.

Ciranda do tempo

As coisas
vem e vão
na vida
sem pressa.
Sempre que um ciclo termina
um outro começa.
E, de repente,
eis que me torno criança,
de novo.

Tempo

O tempo corre solto
sem freio
Nada pára,
nem por um segundo.
Quando o sól dorme aqui
vai correndo
despertar ali.
O tempo é pura arte
em estado bruto
natural
Ah, o tempo...
 nunca tem fim!

A criança que mora em mim

A criança que mora em mim,
insiste em permanecer.
Olha o mundo com jeito de atraso.
Ri da vida...
Ri do nada...
Ri um riso debochado!
A criança que mora em mim
é cheia de peraltices.
Brinca...
Grita...
Chora...
Briga...
Canta!
Sobe em muros e árvores
e enxerga bichos nas nuvens do céu.
Despetála margaridas
e desenha corações no papél.
A criança que mora em mim,
não sabe que é proibido
pisar na grama do jardim...
Acha graça e caçoa da careca
do velho de camisa amarela
Acredita que o fim não existe
e que a minha vida,
será sempre dela.

Fim

Estou num tempo onde o tudo e o nada
andam juntos
e tem o mesmo peso.
Sem temores
desacreditei.
Não vejo graça...
Apenas um vazio silencioso.
Faltam objetivos
Nenhuma meta
Nada me faz recuperar a esperança.
Sinto que estou mais perto do fim...

Sou

Sou um pouco de muita coisa...
Dos amigos que conquisto
Do lugar onde vivo
Das coisas que falo
Sou um pouco dos pais que tive
Dos filhos que tenho
Do amor que vivo
Sou um pouco daquilo que ensino
E também de tudo que aprendo
O bem e o mal andam comigo
Lado a lado
Só que enquanto um cochila
O outro está bem acordado.

Transformação

Me transformo a cada dia...
Todos os dias nasce um novo eu.
Volúvel?
Não!
Estou em constante mutação
Me transformo...
Absorvo.